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Blog Vestindo Histórias

"Minha profissão é vestir histórias". A trajetória de Isbella Brasileiro

  • 4 de jul.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 8 de jul.

Fotografia por Miriane Figueira
Fotografia por Miriane Figueira

Antes de costurar figurinos, Isbella costurava presenças.

Ainda menina, foi o corpo em movimento que a levou ao palco: o balé e a dança contemporânea apresentaram a ela o poder das imagens vestidas. O figurino, ali, não era só tecido. Era gesto, era emoção, era linguagem. E, talvez sem saber, ela já intuía o que viria a se tornar sua profissão, sua pesquisa e sua missão: vestir histórias para dar corpo às narrativas que importam.


Do croqui à câmera: o caminho profissional

Natural de Poços de Caldas (MG) e formada em Moda com habilitação em Estilismo pela UDESC/SC, Isbella iniciou sua trajetória profissional criando figurinos para colegas do teatro e da performance ainda na faculdade. Mas foi em Curitiba, onde se estabeleceu como assistente de figurino para filmes publicitários, que seu repertório técnico começou a se consolidar.

O ponto de virada veio em 2014, com o longa-metragem "Para Minha Amada Morta", de Aly Muritiba. A experiência no cinema acendeu algo definitivo: a certeza de que o figurino era o seu caminho. A partir dali, Isbella passou a construir uma carreira sólida no audiovisual, como figurinista e aderecista de projetos premiados e reconhecidos nacionalmente.

Entre seus trabalhos mais marcantes estão:

🎬 Deserto Particular, de Aly Muritiba

🎬 A Mesma Parte de um Homem, de Ana Johann

🎬 Caso Evandro (série documental da Globo)

🎬 Estômago 2, de Marcos Jorge

🎬 Uma Família Feliz, de José Belmonte

🎬 Jesus Kid, Mirador e outros longas-metragens, peças teatrais e fashion films


Seja em um filme de época, em uma cena documental ou em um palco minimalista, Isbella transforma figurino em dramaturgia. Para ela, vestir um corpo é construir contexto, identidade, tempo e presença.


O figurino como ferramenta de educação e transformação

Mas o percurso de Isbella não se limitou aos sets. Ao longo da carreira, ela percebeu um vazio, ou melhor, uma concentração. A maior parte da formação técnica em figurino se mantinha restrita aos grandes centros, inacessível para boa parte dos talentos do interior.

Com experiência docente no Centro Europeu, na Hollywood Film Academy e em oficinas independentes, Isbella entendeu que sua missão era mais ampla: levar o saber do figurino para onde ele quase nunca chega, como arte, como ofício e como linguagem.

Assim nasceu o projeto Vestindo Histórias, uma caravana formativa que percorre o Paraná com oficinas presenciais, distribuindo kits figurinistas, ativando talentos locais e propondo encontros vivos com a criação de figurinos autorais.

Vestir é contar. Vestir é lembrar. Vestir é resistir.” Diz o manifesto do projeto. E é exatamente isso que Isbella faz: cria figurinos que dão corpo à memória, à política e à subjetividade de quem veste. Mais do que ensinar a costurar, ela ensina a perceber o mundo com mais cuidado e expressão.


Liderar com o corpo presente e o ouvido aberto

Isbella conduz as oficinas como quem compartilha: está junto, está dentro, está por perto. Sua presença inspira não por impor caminhos, mas por criar espaços em que cada pessoa possa experimentar, errar, criar e se expressar com liberdade.

Ela costura ao lado, observa em silêncio, faz perguntas que despertam. Em vez de ensinar no sentido tradicional, ela propõe vivências que ativam a sensibilidade e a autoria de quem participa. Há método, mas há sobretudo confiança no processo e na escuta.

Cada encontro é construído coletivamente — e o que emerge disso não é só aprendizado, mas uma rede de trocas, reconhecimento e afeto. É assim que o fazer com as mãos vira pertencimento. E é assim que Isbella veste histórias, junto com quem também se descobre autor.


Quando o figurino vira território

Cada cidade por onde a oficina passa é tratada como cenário, mas também como personagem. A cultura local entra no figurino, as histórias das pessoas entram na criação, e o resultado final é sempre mais do que técnico: é emocional, político, simbólico.

O projeto se conecta profundamente com a noção de território: descentralizar, circular, ativar redes, criar pontes. Para Isbella, o Paraná é mapa, mas também material. E as pessoas são matéria-prima da criação coletiva.


Onde ela quer chegar?

Perguntada sobre o futuro do projeto, Isbella costuma dizer que quer continuar costurando futuros possíveis: expandir o número de cidades atendidas, aprofundar a formação contínua dos participantes, criar uma rede de figurinistas emergentes que trocam, colaboram e criam com autonomia.


“Minha profissão é vestir histórias” não é só um título. É uma forma de estar no mundo. E, ao vestir histórias de tantas outras pessoas, Isbella escreve a sua com firmeza, delicadeza e um compromisso radical com a arte como direito.



Vestindo Histórias é mais que uma oficina. É um palco de descobertas. É uma rede de afetos. É movimento coletivo. E Isbella é o coração que pulsa nesse tecido em expansão.


 
 
 

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